Anti-inflamatório,pode expor crianças a sérios riscos.
Médicos alertam: usado de forma indiscriminada, esse remédio mascara problemas e expõe as crianças aos seus efeitos adversos, que, diga-se, não são poucos.
Por Vanessa de Sá
Eles são assíduos freqüentadores da farmacinha caseira de quem tem filhos. E são rapidamente sacados de lá à menor queixa de dor ou nos casos de uma febrícula à toa. O tombo provocou inchaço? Dá-lhe anti-inflamatório. A garganta incomoda? Lá vai outra dose. Pudera. Nem se exige receita médica para alguém sair da farmácia de posse de uma dessas drogas curinga, quase uma panacéia para as mazelas infantis.
"Lamentavelmente, os anti-inflamatórios vêm sendo usados de forma abusiva, errada e sem critério", afirma Roberto Tozzi, pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo.
"Sangramento gastrointestinal, toxicidade para os rins e o fígado, além de alergia, são os principais riscos do mau uso", enumera Sandra Oliveira Campos, pediatra da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. "E, quando o fígado ou os rins são afetados, pode haver desde uma alteração transitória de seu funcionamento até lesões graves."
Os tipos de anti-inflamatórios
Os anti-inflamatórios não são todos iguais. Entenda as diferenças entre as duas classes existentes no mercado:
Hormonais
Também chamados de esteróides, são derivados dos corticóides. Entre seus princípios ativos, estão agentes inibidores das prostaglandinas e de várias proteínas ligadas ao processo inflamatório. "Eles são capazes de regular ou desacelerar o processo inflamatório", explica Roberto Tozzi. Se usados abusivamente, porém, podem originar a síndrome de Cushing, cujo principal sintoma é a redistribuição da gordura corporal. A criança engorda e fica com o rosto em forma de lua cheia. Para completar, o apetite aumenta, mas a força muscular diminui. Os anti-inflamatórios hormonais tratam a bronquite asmática, a inflamação crônica dos pulmões que faz com que as passagens para o ar se estreitem, deixando a respiração difícil. Segundo Roberto Tozzi, esses medicamentos também costumam entrar na receita de combate à meningite bacteriana e às doenças inflamatórias auto-imunes.
Não-hormonais
Conhecidos ainda como não-esteróides, atuam basicamente como analgésicos, já que são derivados do ácido acetilsalicílico. Há mais de 20 tipos de anti-inflamatórios não-hormonais, entre eles o diclofenaco, o ibuprofeno e o piroxicam.
Também atuam nas prostaglandinas, reduzindo o processo inflamatório. De quebra, dessensibilizam as terminações nervosas que enviam mensagens de dor, daí serem bons analgésicos. Mas, usados sem critério, podem levar à síndrome de Reye, uma condição rara capaz de causar disfunção hepática e até morte.
Os anti-inflamatórios não hormonais servem para a artrite reumatóide, uma inflamação dolorosa nas articulações, que provoca alteração nas estruturas ósseas e nas cartilagens. "A doença, no caso, é a própria reação inflamatória", nota a médica Sandra. Segundo ela, eventualmente esses remédios também podem ser usados para tratar traumas, como entorses, luxações e contusões.
Fonte: guiainfantil.com.br
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